Bonito passeio

Publicado por flag-pt Cristiana * — há 6 anos

Blogue: Uma portuguesa em Verona.
Etiquetas: flag-pt Blogue Erasmus Braga, Braga, Portugal

Hoje fui dar um passeio. Melhor: fui fazer exercício.

bonito-passeio-617189403e2c434a8dda8f169(https://www.flickr.com/photos/francisco_osorio/12442362925)

Aconteceu um milagre na cidade de Braga que tive de aproveitar. A chuva escondeu-se um pouco, ou emigrou para outro local que não o “penico do céu” – como é intitulada a cidade, e tive de aproveitar para fazer um passeio saudável. Estou a tentar criar hábitos de vida mais sãos, pelo que deixar o sol tocar-me na pele e dar um passeio pela cidade não me pareceu uma má oportunidade. Como já devem ter percebido, não a deixei escapar. Vesti uma roupa mais desportiva e cómoda, para me ajudar na locomoção, entre as quais estavam umas sapatilhas que estreei nesta pequena caminhada. Levei um casaquinho, porque o sol, apesar de tudo, ainda não aquece por aí além. E, claro, um guarda-chuva, vá-se lá confiar no tempo desta cidade. Ora chove, ora faz sol. Não fosse a cidade decidir fazer um rio chover-me em cima, precavi-me como qualquer cidadão de Braga já aprendeu a fazer. Faz parte do ADN de um bracarense saber lidar com as intempéries metereológicas. Já se aprenderam a não fiar sempre nas previsões, porque o clima aqui é um pouco instável... Chega a roçar o caprichoso.

Para me divertir, levei também uma corda da Domyos, própria para fazer salto à corda. Algo que gosto muito de fazer e que considero ser um exercício bastante animado e que parece simples, mas pode ser complicado, sobretudo se os saltos forem complementados com variantes mais complexas.

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(https://pixabay.com/pt/caminhando-juntos-natureza-amigos-2458572/)

Sendo que agora vivo na zona do centro, tenho muitos locais interessantes para onde posso ir passear. Aliar o exercício físico a uma bela vista está sempre no topo das prioridades. Comecei por entrar no centro histórico e descer a Rua dos Chãos, uma das ruas históricas da cidade. As fachadas truncadas dos edifícios coloridos têm vindo a ser renovadas nos últimos anos. A beleza da paisagem agradece. A qualidade da vista em Braga tem melhorado com as sucessivas intervenções que os imóveis têm sido alvo.  E essa melhoria tem sido notória em toda a cidade, mas há uma rua que tem tido mais ganhos que todas as outras. A Avenida da Liberdade. Especialmente, as fachadas do lado contrário ao do posto de turismo. Ou, se quiserem, os vizinhos do Theatro Circo. Inundados pelo comércio local e internacional -  e ainda bem que o foram, pois só assim eles têm utilidade desejada -, tornam uma bela vista também para os amantes de compras. Uma vista desagradável na carteira, mas que interessa isso?

  • Para dizer qual será o edifício mais bonito será, certamente, necessário abrir um duelo entre os dois finalistas: o Theatro Circo e o Liberty Street Fashion. Um joga pela sua fachada histórico, quanto que o trunfo do seu oponente passa pela forma como a modernidade abraçou os seus traços mais rústicos. A Avenida da Liberdade é facilmente identificada pelos seus canteiros de flores coloridas. Por algum motivo também de chama “A Rua das Flores”.

bonito-passeio-38756004f21dd2d58e975ffc2(https://pixabay.com/pt/pessoas-viajantes-juntos-p%C3%A9-3217855/)

Mas o meu destino nada tinha que ver com a bela arte de apreciar a arquitetura. Queria aquecer o corpo. Fazer algo saudável para o corpo. A mente teria de esperar pela sua vez de ser bem tratada. Desci a rua até à zona em que é intercetada pelo rio. A zona foi renovada pela Câmara Municipal, pelo que se encontra junto do Rio Este uma pequena ciclovia. O trajeto, apesar de o rio merecer tanto essa designação como um calhau que é atirado ao ar merece ser chamada pássaro, é bastante agradável.

Aproveitei a ocasião para concretizar um hobby muito português: o de observar obras. Mesmo ao lado da ciclovia, estava localizado o antigo centro de exposições da cidade de Braga. Como já devem ter percebido, o edifício está a sofrer remodelações. Vai passar a chamar-se Forum Braga. E vai passar a ser a segunda maior casa de espetáculos do país. À sua frente, apenas a Altice Arena – ou Meo Arena, ou lá o que seja. Mudam o nome dessa Arena mais vezes que o número de pastilhas que eu meto à boca durante um ano. O que interessa é saber que o andamento está bem adiantado. O que permitiu que, como espectadora passiva do espetáculo, pudesse descansar a respiração.

Ali perto, encontrei um pedaço de relva com o rio a correr a seu lado. Peguei na minha corda Domyos. Estava no momento de lhe dar o protagonismo que procurava há anos. Os gestos recordaram-me de tempos em que era uma menina. Saltava sobre cordas de baraço. Sem as preocupações de uma vida adulta. Sem a responsabilidade. A maravilha de realizar um ato por si só. Contudo, ignorei essa sabedoria juvenil e impôs-me a meta de tentar dar tantos saltos quantos conseguisse. Se possível, quebrar o record mundial.

Não me saí mal. Nada digno de ser imprimido em livros intemporais, mas umas orgulhosas trinta e três voltas completas. 

Só faltava a etapa final. O esforço para a meta: fazer o caminho inverso em passo acelerado. Um pouco como os atletas de marcha, mas sem a figura desengonçada dos pobres coitados. Alguém a fazer marcha numa competição é um atleta soberbo. Alguém a fazer marcha sozinho é alguém que a sociedade se prontifica a excluir.

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(https://pixabay.com/pt/yoga-fitness-desporto-desportivo-1989833/)

O desporto faz-nos fez a todos os níveis. Não ter tempo não deve ser usado como desculpa para não o praticar, porque pode ser incorporado de diversas maneiras nas nossas rotinas do dia a dia. Basta ter um pouco de paciência e real vontade em ser melhor. Uma das características mais presentes naqueles que têm o desporto como pilar fundamental nas suas vidas é a persistência, que nos permite continuar mesmo quando não nos apetece, não é conveniente, ou achamos que não aguentamos mais. Faz com que continuemos a lutar, todos os dias e sem desculpas, por um presente mais satisfatório e um futuro mais risonho, e é por isso que devemos cultivar esse traço de personalidade tão importante.

Cheguei a casa com a sensação de dever cumprido. Melhor: com a sensação de prazer, não pelo cumprimento de uma obrigação, mas por ter concedido ao corpo um desejo que há muito me pedia e eu, hesitante, adiei eu lhe dar.


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