Day trip Bergamo: um domingo de Páscoa diferente
Para quem se encontra em Milão e pretende explorar algumas das outras cidades da Lombardia, Bergamo é uma escolha acertada.
A ocasião da Páscoa pareceu-me altamente propícia a uma excursão por estas bandas. Ficar em Milão teria sido um pouco aborrecido, ainda mais tendo em conta que muitos dos amigos de Erasmus tinham ido passar alguns dias a casa, ou as suas famílias tinham aproveitado para vir visitá-los…
Deste modo, alguns de nós “descomprometidos”, uma vez em Itália, longe da família e do típico almoço português de domingo pascal, decidimos juntar-nos para mais um dia que se avizinharia muito agradável e divertido, tendo tomado por destino Bergamo.
Localizada no nordeste da região lombarda, a cidade ergue-se num planalto cujo cenário paisagístico a norte contempla o maçico montanhoso dos pré-Alpes Bergamascos; uma visão sempre deslumbrante.
Bergamo e ao longe a secção Bergamasca dos pré-Alpes lombardos.
Claro que ajudou bastante o facto do tempo neste dia 1 de Abril de 2018 ter estado maravilhoso: o céu limpo e a temperatura amena (algo que por esta altura podia não se ter verificado dado a relativamente copiosa precipitação que frequentemente surge nos meses de Março a Agosto em Bergamo, e mais ou menos por toda a Lombardia) permitiram desfrutar ao máximo da paisagem e da passeata pela cidade.
Como chegar?
Uma vez que as linhas ferroviárias italianas são do mais acessível que há, não só pelos preços razoáveis, mas também pela facilidade de deslocação entre inúmeros locais, a minha sugestão será sempre utilizar o comboio como meio de transporte. A estação de Bergamo é servida de linhas regionais operadas pela Trenord, responsável pelo transporte público local ferroviário da Lombardia.
A partir de Milão, as opções são duas, na linha directa para Bergamo via Treviglio:
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Regionale 26XX, que parte da Stazione Centrale e leva 48 min (passando ainda pela Stazione Lambrate);
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Regionale 108XX, que parte da Stazione Porta Garibaldi, e leva 1h03 (passando ainda pela Stazione Villapizzone e pela Stazione Lambrate).
Ambas têm um custo mínimo de ida (ou volta) de 5.50€ e os bilhetes podem ser adquiridos no sítio online da Trenord e da Trenitalia ou nas máquinas das estações.
O que fazer?
O sítio online do turismo Bergamasco http://www.visitbergamo.net/it/ dispõe de informação detalhada sobre tudo o que Bergamo oferece (assim como de outros locais de interesse na hinterlândia da cidade), que aconselho vivamente a consultar, também de modo a ver várias fotografias bonitas. De modo a agilizar a pesquisa, coloco directamente o link de alguns dos pontos realçados - os quais tive oportunidade de ver – cujas descrições vos darão a conhecer um pouco mais da história da cidade.
Uma vez que só chegámos a Bergamo por volta da hora de almoço, procurámos focar-nos nos principais atractivos, o que, verdade seja dita, levou efectivamente a tarde toda… O nosso roteiro pela cidade foi bastante simples e ligeiro, mas foi acima de tudo bem conseguido para aquilo que eram possibilidades num domingo de Páscoa.
Para alguma surpresa minha, a cidade estava muito concorrida, principalmente por famílias italianas com crianças pequenas e por turistas europeus. Claramente muita gente teve a mesma ideia que nós… De qualquer forma, não estava apinhada ao ponto de ser impossível movimentarmo-nos pelos sítios de interesse, o que nos permitiu passear descontraidamente.
A cidade subdivide-se em duas partes distintas, ambas remontando essencialmente a um contexto medieval.
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“Città Alta”, no plano superior
Era outrora reconhecida como a cidade propriamente dita, por enquadrar o centro histórico e os monumentos mais relevantes, nomeadamente as igrejas e os palácios antigos, encontrando-se ainda hoje circundada das antigas muralhas venezianas seiscentistas (que foram edificadas para proteger a cidade da expansão da República Veneziana), consideradas património mundial da Humanidade pela UNESCO.
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“Città Bassa”, no plano inferior
Era inicialmente caracterizada dos borghi – centros habitacionais de economia comercial e com uma periferia de carácter agrícola, resultado da expansão citadina para fora das muralhas - e integra actualmente a zona de Bergamo dita mais moderna, incluindo grande parte dos museus e outros edifícios culturais, e onde também se localizam as sedes administrativas.
Começámos então o nosso trajecto atravessando toda a parte baixa (desde a estação ferroviária) pela sua via principal - Viale Roma - até à monumental Porta Nuova.
Em pleno largo central Vittorio Veneto, ergue-se a emblemática Torre dei Caduti. Trata-se de um monumento extremamente patriota, inaugurado por Mussolini depois da 1ª Guerra Mundial, que procurou dar corpo ao novo estatuto político-urbanístico de Bergamo Baixa, enquanto Bergamo Alta se mantinha a "pérola medieval".
Viale Roma (Viale Papa Giovanni XXIII) – detalhes.
Porta Nuova com a Torre dei Caduti, e ao longe a vista para as colinas de Bergamo.
Desse ponto sobe o funicular que permite o acesso mais cómodo à parte alta da cidade. Da Piazza Mercato delle Scarpe, onde termina o seu percurso, pode ainda continuar-se a ascensão no famoso funicular San Vigilio, de modo a alcançar o ponto mais elevado de Bergamo.
Nós, no entanto, enveredámos a pé pelas escadarias… Chegámos lá a cima a arfar um tanto ou quanto, mas valeu a pena o contacto liberto com a fantástica paisagem.
A caminho de Bergamo Alta.
“Estamos como queremos”.
A entrada em Bergamo Alta é feita pela Porta San Giacomo, e percorrendo a linha das muralhas vão-se conseguindo belas vistas panorâmicas sobre os terrenos baixos.
Já tendo atravessado a Porta San Giacomo (à direita).
Toda a beleza numa foto!
No coração da terra alta, por entre ruas sinuosas, surgem então interligadas duas das principais praças históricas: a Piazza Duomo e a Piazza Vecchia.
A Piazza Duomo foi a primeira importante praça da cidade, exibindo desde o século XII uma grandiosa igreja românica – Basilica di Santa Maria Maggiore. Do seu lado oriental ergueu-se depois no século XVI o neo-clássico Duomo (Cattedrale di Sant’Alessandro), em homenagem ao santo padroeiro de Bergamo, e que é o actual local de culto católico. Ambas as igrejas apresentam um interior em estilo barroco. Do lado oeste da praça encontra-se ainda o Battistero, também de sua notável arquitectura.
Fachada setentrional da Basilica di Santa Maria Maggiore – porta dos Leões Vermelhos e Cappella Colleoni (à esquerda) – e fachada da Cattedrale di Bergamo (à direita), vista da Piazza Duomo.
Em menos de 10 passos entramos na famosíssima Piazza Vecchia, onde se contrapõem o Palazzo Nuovo e o Palazzo Vecchio (Palazzo della Ragione).
A praça é muito convidativa e é normalmente lugar de performances artísticas que cativam os olhares curiosos das centenas de turistas, assim como frequentemente já se viu revestida de jardins floridos que embelezam ainda mais a sua encantadora conjuntura arquitectónica.
Piazza Vecchia - Palazzo Nuovo (à esquerda).
Piazza Vecchia - Palazzo Vecchio (à esquerda) e Campanone - torre cívica de Bergamo (à direita). Fonte
Daqui, através da movimentada e comercial Via Colleone, rapidamente se chega à Piazza della Cittadella, uma ampla praça que integra os remanescentes da fortificação da família Visconti, e que faz igualmente parte do aliciante quadro histórico da cidade.
Foi aqui nesta importante rua que nos vimos pela primeira vez “presos” numa multidão de pessoas a subir e descer, e a entrar nas mais diversas lojas, uns comprando recordações, outros saboreando gelados enquanto caminhavam…
Olhando para as horas não muito tempo depois, achámos por bem retomar o regresso até à estação, (desta feita de autocarro porque algum cansaço já se fazia sentir), aproveitando ainda para ver o pôr-do-sol num dos jardins de Bergamo Alta. Um momento que ficou na memória, pois por esta altura os telemóveis já estavam sem bateria…
Bergamo surpreendeu e cativou. Já tinha lido que a cidade era bastante interessante e, sem dúvida alguma, correspondeu. Tive pena de não a explorar com um pouco mais de tempo, mas só deixa espaço para um dia voltar…
Um olhar em Bergamo: “de alto a baixo”.
É, de facto, um destino lombardo a não perder!
PS: Não mencionei nada em termos de sugestões de sítios onde comer - algum restaurante de destaque ou lojinhas do tipo "Alimentari" (muito populares por Itália) nas quais se pode pedir variadas sandes com presuntos e queijos locais - uma vez que levámos o nosso próprio piquenique... Contudo, existem certamente diversas opções atractivas para o gosto de cada um, não esquecendo as inúmeras geladarias!
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